Metade- Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
Essa música é perfeita!
Concordo com cada estrofe, cada verso, concordo com cada palavra!
Pra mim ela mostra (digo pra mim porque acho que cada poesia, cada música, é interpretada de um jeito diferente por cada pessoa, de acordo com o que ela sente, o que ela vive, o que ela pensa) como nós, seres humanos, somos complexos, inconstantes em quase todos os aspectos da vida.
Temos medo, mas queremos experimentar.
Queremos gritar o que pensamos, o que sentimos, e ao mesmo tempo, queremos silenciar.
Queremos ir e queremos ficar, dizer e não dizer...
Falar sobre nossos espinhos e não falar, deixar que o tempo se encarregue.
Estamos em constante inquietação, constante descontentamento!
E é isso que nos torna tão complexos, mas nos torna também melhores.
Ou muitas nem melhor e nem pior, apenas diferente. (O que pra mim é melhor que ter 'aquela velha opnião formada sobre tudo.')
Mas o final da música fala da única coisa em que somos constantes!
'E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.'
Minha parte preferida!
Podemos até negar, nesse mundo de relações superficiais, mas a verdade é que amar é universal!
Todos nós ficamos um pouco loucos quando amamos,
um pouco irresponsáveis,
um pouco criança,
e ao mesmo tempo um pouco mais adulto.
Um pouco mais livres,
mais felizes,
ou muitas vezes mais tristes...
Mais ainda assim, mais completos.
É uma visão romântica?
É.
Mas é a minha visão e não pretendo mudá-la!
Fomos todos 'feitos pro amor da cabeça aos pés.'
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